Manifesto - Parte 2

‍

Após o sucesso do nosso primeiro manifesto, com a aprovação do projeto de lei que regula o mercado de carbono no Brasil em dezembro de 2024, atualizamos o documento para reforçar ainda mais o papel de liderança que o nosso país pode exercer na agenda climática global.

‍

Padrão Brasil: Um Novo Modelo para o Mundo

‍

O Brasil tem uma longa tradição nos esportes — e um dos nossos esportes favoritos é criticar o próprio país. De fato, temos muito a evoluir: da educação aos gastos públicos, passando por governança e segurança, ainda há muito a fazer. Mas também já somos os melhores do mundo em várias frentes — e não é só no futebol!

‍

Com o clima geopolítico esquentando, vale a pena saber quais são.

‍

O que o Brasil já faz melhor que o mundo?

‍

Você sabia que somos os maiores produtores de café, soja, açúcar e suco de laranja do mundo? Também estamos entre os maiores em milho, carne bovina, frango, algodão e celulose. Tudo isso com uma produtividade acima da média mundial, segundo a Embrapa.

‍

Nosso agronegócio é um dos mais competitivos do planeta. Gera mais de 3 trilhões de reais por ano e representa cerca de 30% do PIB nacional, de acordo com o Cepea/USP. Tudo isso com inovação, tecnologia e uso responsável  da terra.

‍

Energia limpa é com a gente

‍

Mais de 93% da eletricidade gerada no Brasil vem de fontes renováveis como hidrelétrica, solar, eólica e biomassa. Para comparar: no Japão, são 20%, na Alemanha, 46%, na China, 30%. Aqui, somos referência.

‍

Além disso, somos o segundo maior produtor de biocombustíveis do planeta, com mais de 35 bilhões de litros de etanol e 7 bilhões de litros de biodiesel por ano, isso evita a emissão de cerca de 85,9 milhões de toneladas de CO₂ anualmente — o que equivale a plantar uma floresta inteira por ano ou tirar milhões de carros das ruas sem precisar abrir a garagem.

‍

Liderança ambiental na prática

‍

Temos o Código Florestal mais avançado do mundo. Ele protege nossas matas, rios e reservas legais e serve de modelo para outros países com grandes áreas florestais.

‍

Se o mundo seguisse o padrão brasileiro — com energia limpa, agro eficiente e legislação ambiental forte —estaríamos muito mais próximos de vencer a crise climática. Afinal, 75% das emissões globais vêm da queima de combustíveis fósseis. O Brasil já mostra que é possível fazer diferente.

‍

Hora de liderar pelo exemplo

‍

Neste ano, o mundo inteiro vai olhar para cá: a COP30 será em Belém, no coração da Amazônia. Essa é a chance de mostrar que somos parte da solução climática.

‍

Podemos atrair bilhões em investimentos para agricultura regenerativa, energia verde (como SAF, biometanol, biogás e hidrogênio verde) e reflorestamento com créditos de biodiversidade. Projetos que geram renda, protegem os biomas e ajudam o planeta.

‍

Ao longo deste ano, vamos detalhar cada um dos temas que consideramos serem de maior relevância para que o país assuma seu papel de referência global na agenda climática. 

‍

Para isso precisamos avançar em pontos-chave: acelerar a transição para uma agricultura regenerativa, destravar o mercado de carbono, atrair mais financiamento, eliminar o desmatamento ilegal, fortalecer a governança ambiental e liderar com uma diplomacia climática propositiva. 

‍

Temos os ativos certos — agora é hora de transformar potencial em liderança real.

‍

O futuro precisa do Brasil. E o Brasil precisa de você.

‍

👉 Conheça o Pacto pelo Agora

👉 Assine o manifesto e junte-se a este movimento

‍

Heloisa Baldin é sócia da IWA Gestão de Recursos

Raphaella Gomes é sócia da New Gaia Estratégia e Investimentos

Yuri Rugai Marinho é sócio-diretor da ECCON Soluções Ambientais

Carta aberta pela Revolução Verde no Brasil: o Pacto pelo Agora

‍

A qualidade de vida no nosso planeta está se deteriorando. Nos últimos séculos, fizemos avanços significativos em várias áreas do conhecimento, industrialização e tecnologia. No entanto, diariamente, muitos seres vivos, incluindo humanos, perecem devido ao consumo desenfreado e ao uso de energias e combustíveis fósseis. As mudanças climáticas não são problemas do futuro, são do agora.

‍

Nossa capacidade intelectual nos permite mudar essa realidade. Temos uma oportunidade única de atuar na mitigação e adaptação às mudanças climáticas. Precisamos criar uma nova economia que atinja o net-zero (emissões líquidas zero de gases de efeito estufa), o que chamamos de Revolução Verde.

‍

Essa transição exigirá investimentos entre USD 100-150 trilhões até 2050. Esses investimentos são essenciais para evitar catástrofes e perdas econômicas que podem impactar até 30% do PIB Global. Soluções escaláveis de descarbonização e grandes compromissos de nações e empresas serão necessários para essa jornada.

‍

Uma mudança tão significativa no modelo global de produção exige um verdadeiro mercado global de carbono, um instrumento econômico estabelecido pelos países signatários da Convenção do Clima para acelerar a descarbonização mundial.

‍

O Brasil está estrategicamente posicionado para ser um dos maiores líderes em iniciativas de baixo carbono. Com uma vasta cobertura florestal, uma das maiores operações agrícolas do mundo, 85% da matriz energética elétrica renovável (comparada à média mundial de 26%), potencial de produção em massa de hidrogênio verde e biocombustíveis, e fornecimento de bens industriais de baixo carbono, como cimento, aço e alumínio.

‍

No entanto, o país enfrenta uma crise de credibilidade em relação aos projetos de carbono. Precisamos melhorar nosso potencial de desenvolver soluções técnicas e projetos íntegros para atender aos mercados regulados e voluntários globalmente. Além disso, é necessário regular nosso mercado para permitir a exportação de créditos de carbono, que o Brasil pode gerar em abundância (estimados entre 1,5 a 2 bilhões de toneladas de CO2 equivalente, tornando nosso país o maior reservatório de carbono do mundo).

‍

No século XVIII, a Inglaterra experimentou o auge da Revolução Industrial e se estabeleceu como uma grande potência mundial. No século XX, a Revolução Digital colocou os Estados Unidos e a China nos principais polos da economia global. O Brasil, no entanto, ficou à margem dos principais benefícios dessas revoluções. Com a Revolução Verde, o Brasil tem uma oportunidade inédita de assumir um papel de destaque e colher benefícios significativos como um hub climático.

‍

Para que isso se concretize, é necessário que toda a sociedade brasileira se organize e inicie um movimento coeso, envolvendo o governo, a academia, o setor privado e a sociedade civil. E que faça isso agora.

‍

O primeiro passo nessa jornada é a aprovação do projeto de lei do mercado de carbono, que visa estabelecer o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões. Atualmente, o PL está no Senado, aguardando definições de relatoria e votação. É crucial que esse projeto seja simplificado e aprovado, possibilitando uma interoperabilidade robusta entre o mercado regulado e o mercado voluntário, reconhecendo a importância e a adicionalidade de projetos florestais, biocombustíveis e a definição de créditos de carbono como ativos financeiros.

‍

Com esse marco jurídico em vigor, o Brasil poderá exportar, além de commodities, créditos de carbono, aumentando suas receitas e posicionando-se como um líder global na transição energética e descarbonização.

‍

A Revolução Verde representa a primeira oportunidade histórica de promover um desenvolvimento sustentável verdadeiro e significativo para o Brasil. Vamos implementá-la agora. O futuro é agora.

‍

Conheça o Pacto pelo Agora, uma iniciativa que busca apoiar e impulsionar soluções climáticas no Brasil. Junte-se a essa iniciativa climática.

‍